Nesse início de 2021, o total de dinheiro alocado nos protocolos de DEFI (finanças descentralizadas, na sigla em inglês) ultrapassou os US$ 25 bilhões, saindo de poucos milhões há um ano. Um crescimento exponencial e que está só começando.
Mas o que tem atraído tanta gente para DEFI?
A primeira razão que consigo ver é a maior popularização das stablecoins (moedas estáveis, em tradução livre) de dólar. A grande vantagem dessas stablecoins é trazer para uma arquitetura de blockchain todos os benefícios de facilidade de transação, custos, controles, auditoria etc., que o Bitcoin tem, mas sem a volatilidade de preço.
Stablecoins de dólar como o USDT, USDC e DAI têm suas cotações muito próximas do 1:1 com o dólar americano e isso faz com que as pessoas o vejam como tal. E cada vez mais.
Uma segunda razão é a imensidão de formas para rentabilizar essas stablecoins que estão aparecendo, e aqui está a grande força de DEFI.
Você pode investir suas stablecoins no pool da Compound ou AAVE para ter rentabilidades entre 8 e 12% a.a., ou usar Yearn ou Uniswap para incrementar um pouco mais, só para citar alguns protocolos de DEFI para isso.
Vale ressaltar que essas rentabilidades são anualizadas, mas são calculadas com base na rentabilidade de cada bloco da rede ethereum, ou seja, a cada 15 segundos, aproximadamente, o que faz com que ela varie muito. Mas, até onde tenho acompanhado, tem gravitado perto dos valores que mencionei.
Os mecanismos para se obter essa rentabilidade variam de plataforma para plataforma. No caso da AAVE e Compound, ambas seguem a ideia de que você investe em um pool de liquidez (como se fosse uma piscina onde colocasse suas stablecoins), e quem toma emprestado desse pool paga “juros” que é distribuído entre todos os provedores de liquidez.
A Uniswap tem um mecanismo diferente, no qual os provedores de liquidez, que depositam um par de ativos e não um ativo único, ganham taxas de corretagem pela negociação desses ativos.
Um mecanismo mais complexo que envolve diferentes riscos (impermanent loss entre eles) e um mecanismo de AMM (Automated Market Maker).
A Yearn tem um modelo de negócios que envolve mapear os vários protocolos de DEFI e encontrar possibilidades para rentabilizar o pool de ativos que lá foram depositados. Vejo ele como um “robo” arbitrador desse mundo de DEFI.
Aqui cito somente essas quatros, mas há inúmeras outras iniciativas que aparecem o tempo todo. A própria descentralização desse mercado gera um ambiente totalmente pró-inovação.
Outro fator importante dessas soluções de DEFI é a liquidez. A imensa maioria das soluções tem liquidez imediata. É só esperar o registro na rede Ethereum, coisa de menos de 1 minuto.
Gustavo, mas e os riscos?
Pois é. Como tudo na vida há riscos e aqui vão desde falhas nos protocolos que podem ser aproveitadas por algum hack, o risco de você mesmo ser hackeado ao fazer as operações, o risco de uma stablecoin que você tenha investido descolar do 1:1 com o dólar, o risco regulatório, tributário, entre outros vários.
É necessário que você entenda bem o que está fazendo e aqui os alicerces são educação e ir lá e testar.
Dá para começar com muito pouco dinheiro, o que ajuda muito nesse segundo ponto.
Além disso, o que joga ao seu favor, ao menos nessas plataformas que eu citei, é que elas já têm bilhões de dólares investidos via elas e milhares de pessoas fazendo isso. Isso de forma alguma é uma garantia, mas ajuda.
Um outro movimento que está acontecendo é o das grandes exchanges de crypto que, vendo isso acontecer, estão se movimentando e criando soluções para investimentos via stablecoins off-chain e on-chain muito interessantes e com riscos diferentes dos de DEFI essencialmente por serem centralizadas.
Espero ter passado um pouco do que tenho visto nesse mercado e porque acredito que ele terá um 2021 de muito crescimento. E deixo aqui uma pergunta para você responder: o que você está esperando para entender melhor esse mercado?